domingo, 27 de setembro de 2015

Jovem da periferia de SP é aprovado em faculdade de elite nos EUA




O estudante Gustavo Torres, 17, que conseguiu vaga na universidade de Stanford (EUA)



Quebra-cabeça leva aluno da periferia de SP para Stanford

Gustavo aprendeu inglês aos 12 anos lendo alguns livros que pertenciam ao seu pai
Maria Carolina de Ré, do R7

A ideia de que a vida é um quebra-cabeça e as experiências são as peças usadas para completar este jogo foi o argumento central da apresentação de Gustavo Torres, de 17 anos, no processo de aplicação para entrar na universidade de Stanford (Estados Unidos). 
Filho de um eletricista e de uma cuidadora de idosos, o jovem do Capão Redondo, periferia de São Paulo, foi aprovado e conseguiu uma bolsa de US$ 56 mil (R$ 148 mil). 
Em entrevista ao R7, ele relembra os argumentos que usou para explicar porque merecia a vaga e a bolsa dizendo que as primeiras peças do quebra-cabeça que compõe sua vida foram conquistadas na Escola Estadual Miguel Munhoz Filho, onde aprendeu a ser mais “extrovertido”.
— Dava aula de matemática para o pessoal do fundão. Antes de conhecê-los era muito fechado. Aprendi a me relacionar melhor com as pessoas interagindo com eles. 
Experiências
A inteligência acima da média o ajudou a aprender inglês sozinho, aos 12 anos de idade.
— Estava cansado de jogar viodegame, aí  encontrei alguns livros do meu pai e começei a estudar. Eles foram minha base no inglês.
O bom desempenho acadêmico lhe rendeu recomendações dos professores. Com esse apoio, Gustavo ganhou uma bolsa do Ismart para estudar no colégio particular Santo Américo. 
— Foi meu primeiro choque de realidade. Percebi que havia um mundo totalmente diferente daquele que eu estava acostumado. No colégio Santo Américo tive aula em inglês pela primeira vez na minha vida. Também descobri que a diferença de infraestrutura de uma escola pública e de uma escola particular é muito grande. 
No ano passado, ele recebeu outra bolsa de estudos e foi fazer um curso de verão na universidade de Yale. Essa experiência fomentou seu sonho de estudar numa faculdade americana.
— Já tinha vontade de fazer um curso de graduação fora do Brasil, em Yale esse desejo ficou maior. 
Falando sobre a última "peça" que encaixou no quebra-cabeça de sua vida, a aprovação em Stanford, o jovem faz questão de agradecer o Alumni Education USA, órgão ligado ao governo dos Estados Unidos que promove o sistema de ensino daquele país, ao Ismart e a Fundação Estudar.
— Estas três instituições oferecem ajuda para alunos com potencial acadêmico e poucos recursos como eu. Eles me ajudaram em todo processo de aplicação. Já consegui a aprovação em Stanford, mas ainda espero respostas do MIT (Massachussets Institute of Technology), da Universidade de Duke e de Harvard. Só vou decidir meu futuro depois que receber todas as respostas.  
Projeto social 
Além de se dedicar aos estudos, Gustavo também mantém um projeto social com um colega chamado João Araújo. Os estudantes  criaram o programa Descobrindo o Sonho Jovem, para ajudar adolescentes a construir projetos de vida. A iniciativa foi levada a escolas públicas. 

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Quando a vontade é maior que a 

dificuldade, o impossível é um mero

 detalhe!                                 Jesse Soares



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terça-feira, 15 de setembro de 2015



Pegava livros no lixo: ex-catador de 


Brasília conta como virou médico


dr-cicero-pereira-batista-1405974417004_300x420 O dia seis de junho de 2014 é uma data muito importante para Cícero Pereira Batista, 33. É data da sua formatura, quando ele fez o “Juramento de Hipócrates” e jurou fidelidade à medicina. O diploma na tão sonhada carreira foi um investimento de quase oito anos da vida do ex-catador.
Natural de Taguatinga, cidade satélite a 22,8 km de Brasília, Cícero nasceu em família pobre e precisou de muita perseverança para alcançar a formação em uma das carreiras mais concorridas nos vestibulares. Ele só começou a fazer a graduação aos 26 anos.
“Minha família era muito pobre. Já passei fome e pegava comida e livros do lixo. Para ganhar algum dinheiro eu vigiava carro, vendia latinha. Foi tudo muito difícil pra mim, mas chegar até aqui é uma sensação incrível de alívio. Eu conseguir superar todas as minhas dificuldades. A sensação é de que posso tudo! A educação mudou minha vida, me tirou da miséria extrema”, conta Cícero.
1111O histórico familiar de Cícero é complicado: órfão de pai desde os três anos e com mãe alcoólatra, o médico tinha dez irmãos. Dois dos irmãos foram assassinados.
Quando tinha 5 anos, o menino pegava o que podia ser útil no lixo. Inclusive livros, apesar de não saber ler. Com o tempo, conta o ex-catador, eles foram servindo de inspiração. Ficava mais feliz quando encontrava títulos de biologia, ciências. Certa vez encontrou alguns volumes da Enciclopédia Barsa e “descobriu Pedro Álvares Cabral, a literatura, a geografia”.
Cícero é o único da família que concluiu o ensino médio e a graduação. Para ele, a educação era a única saída: “Diante da minha situação social eu não tinha escolha. Era estudar ou estudar para conseguir sair da miséria extrema”. Ele terminou o ensino fundamental na escola pública em 1997 — na época as séries iam do 1º ao 8º ano. Entre 1998 e 2001, fez o ensino médio integrado com curso técnico em enfermagem.
Ajuda dos professores e colegas
“Quando eu fazia o ensino médio técnico eu morava em Taguatinga e estudava na Ceilândia. Não tinha dinheiro para o transporte e nem para a comida. Andava uns 20 km, 30 km a pé. Muitas vezes eu desmaiava de fome na sala de aula”, explica.
Ao perceber as dificuldades do rapaz, professores e colegas começaram a organizar doações para Cícero de dinheiro, vale-transporte e mesmo comida. “Eu era orgulhoso e nem sempre queria aceitar, mas, devido à situação, não tinha jeito. Eu tinha muita vergonha, mas nunca deixei de estudar”, conta.
Na época da faculdade, Cícero também recebeu abrigo de um amigo quando passou em medicina numa instituição particular em 2006 em Araguari (MG), a 391 km de Brasília. “Frequentava as aulas durante a semana em Minas e aos finais de semana vinha para Brasília para trabalhar. Era bem corrido”, diz. Ele conseguiu segurar as contas por um ano e meio. “Eu ganhava cerca de RS 1.300 e pagava RS 1.400 [de mensalidade]. Até cheguei a pedir o Fies [Fundo de Financiamento Estudantil] por seis meses, mas no fim as contas foram apertando ainda mais e parei”.
2222Ao voltar para Brasília decidiu fazer Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) para conseguir uma bolsa do Prouni (Programa Universidade para Todos). Estudou por conta própria, fez a prova no final de 2007 e conseguiu uma bolsa integral em uma universidade particular de Paracatu (MG), a 237,7 km de Brasília. Foram mais seis meses — e Cicero voltou a Brasília mais uma vez.
No ano seguinte, fez o Enem mais uma vez. Ele queria estudar mais perto de casa por causa do trabalho — ele era técnico de enfermagem concursado — e da família. Com sua nova nota do Enem, ele conseguiu uma vaga com bolsa integral na Faciplac (Faculdades Integradas da União Educacional do Planalto Central), na unidade localizada na cidade satélite Gama, 34,6 km de Brasília.
“Tive que começar tudo zero novamente. Tive vontade de desistir na época. Poxa, já tinha feito um total de dois anos do curso de medicina, mas não consegui reaproveitar nenhuma matéria. Mas no fim deu certo”, conta o médico que enfrentou os anos da faculdade também com a ajuda dos livros do projeto Açougue Cultural, uma iniciativa que empresta livros gratuitamente nas paradas de ônibus de Brasília.
Atualmente, Cícero é diretor clínico de um hospital municipal e trabalha em outros dois. O momento para ele agora é o de “capitalizar” [ganhar dinheiro] para melhorar de vida e ajudar a família. Cursar um doutorado fora do Brasil também está entre seus planos.
“Não há desculpa para não seguir os sonhos. É preciso focar naquilo que se quer. Não é uma questão de inteligência e sim de persistência. A educação mudou a minha vida e pode mudar a de qualquer pessoa”, conclui.




Blog do BG: http://blogdobg.com.br/pegava-livros-lixo-ex-catador-de-brasilia-conta-como-


virou-medico/#ixzz3loIFr3z6

Globo Repórter Livros e Leitura - A Paixão pela leitura muda vidas

Após 'morar' no aeroporto, ex-menino de rua do DF é aprovado no STF e MP

Ismael Batista foi adotado por mãe de funcionária do terminal de Brasília.
Formado em direito, ele foi aprovado em 5 concursos e trabalha no Supremo.

Isabella FormigaDo G1 DF
Ex-menino de rua estuda para concurso da Polícia Civil em biblioteca na Asa Sul (Foto: Isabella Formiga/G1)Ex-menino de rua estuda para concurso da Polícia Civil em biblioteca na Asa Sul (Foto: Isabella Formiga/G1)
O advogado Ismael Batista disse que teve um "estalo" aos 8 anos, que o fez fugir da casa em que vivia, em Samambaia, no Distrito Federal, para viver no Aeroporto Juscelino Kubitschek. Por quase um ano, ele dormiu no bagageiro do terminal e conviveu com os funcionários como se fossem da própria família. Uma dessas pessoas foi a atendente de uma locadora de carros, cuja mãe o adotou e o ajudou a ser aprovado em concursos no Supremo Tribunal Federal e no Ministério Público.
De família pobre, Batista cresceu em um barraco de madeirite, montado sobre a terra, com a mãe e os dois irmãos, em Ceilândia. "[A casa] era um quadradão. Tinha um banheiro de fossa, um buraquinho para fazer necessidades. O chuveiro era improvisado com latinha de óleo, com um monte de furos", lembra. "Tinha arroz, feijão, nunca passei fome. Se não tinha pão, comia arroz de manhã."
Barracos em rua onde Ismael Batista vivia quando criança (Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)Barracos em rua onde Ismael Batista vivia quando
criança (Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)
O pai foi morto a tiros por usuários de drogas da região. "Ele arrumava confusão com alguns marginais que ficavam fumando maconha na esquina de casa. Tinha aquele sangue nordestino quente, não gostava de bandido de jeito nenhum. E foi jurado de morte". Batsita também foi vítima de bala perdida, dentro da própria casa. Atingido de raspão, ele diz que por pouco nao ficou tetraplégico.
Com a morte do pai, o advogado se tornou responsável por cuidar dos irmãos mais novos na ausência da mãe. "Aos 5 anos, cuidava do meu irmão de 2 anos. Minha mãe fazia de noite aquele arroz, feijão e carne. Deixava no ponto. Na época não tinha microondas, então ela me ensinou a esquentar no fogão", diz.
A mãe, que até então era dona de casa, trabalhou durante alguns meses na comissaria aérea do aeroporto para sustentar a casa até se casar novamente. "Ela me levou algumas vezes e fiquei fascinado por aquilo." Desde então, passou a dizer à mãe que se tornaria piloto de avião um dia.
Uma das casas em que Ismael viveu com a família (Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)Uma das casas em que Ismael viveu com a família
(Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)
Fuga
Aos 8 anos, Batista foi deixado em casa cuidando dos dois irmãos, à época com 3 e 5 anos. A mãe precisava cuidar da filha recém-nascida que estava internada no hospital. Quando a tia passou para ver as crianças, ele aproveitou a oportunidade para fugir.
"Tenho uma coisa muito assim com Deus, de ter uma noção de que ele está o tempo todo cuidando de mim. E às vezes fazia coisas que nem sabia o porquê", afirma. "Minha mãe é um doce de pessoa. Meu padrasto sempre me respeitou muito. Nunca tive nenhuma razão para fugir de casa. Mas quando minha tia chegou lá em casa, pensei, 'quer saber?". Ele diz ter saído com destino certo: o aeroporto.
Tenho uma coisa muito assim com Deus, de ter uma noção de que ele está o tempo todo cuidando de mim. E às vezes fazia coisas que nem sabia o porquê. Minha mãe é um doce de pessoa. Meu padrasto sempre me respeitou muito. Nunca tive nenhuma razão para fugir de casa. Mas quando minha tia chegou lá em casa, pensei, 'quer saber?"
Ismael Batista
ex-menino de rua
Aos 33 anos, Ismael ainda não sabe explicar a motivação certa para ter abandonado a família. "Talvez a junção disso tudo, de não gostar do lugar em que vivia, um lugar muito pobre, em que tudo era ruim para uma família naquela situação. Pode ser que isso tudo tenha dado um grande estalo. Mas não foi uma coisa planejada", diz.

Embora não soubesse ler, ele havia decorado os números das linhas de transporte coletivo. Com apenas a roupa do corpo e um par de chinelos, tomou o ônibus 394 para o Plano Piloto.
Nova casa 
Deslumbrado com o aeroporto, Batista disse ter passado horas andando e explorando todos os cantos do terminal. "Fiquei só andando e olhando. Passei o resto do dia inteiro andando de um lado para o outro", diz. "Não sei explicar o que era tão fascinante. É coisa de criança. Era um lugar bonito, tinha aviões. Hoje em dia, todo mundo anda de avião. Naquela época, 1991, só andava quem tinha dinheiro, era caríssimo. Tudo era diferente, e para mim aquilo era legal."
No fim do dia, não teve vontade de ir embora. "Quando foi chegando a noite, pensei: ‘acho que vou ficar por aqui. Não quero voltar para casa e preciso arrumar um jeito de dormir." Foi então que ele encontrou o bagageiro do aeroporto. "’É aqui’, pensei. Entrei, medi, vi que sobrava espaço. Voltei lá recentemente e fiquei rindo porque é exatamente igual. Os últimos da direita são maiores. Não precisava de chave, ficava aberto."
Vídeo feito por dois ex-estudantes de jornalismo mostra Batista já adulto retornando ao local em que dormia e entrando no bagageiro (veja acima). Nas primeiras noites, dormiu com os braços para dentro da blusa para se aquecer do frio. Depois, fez amizade com os funcionários do aeroporto e ganhou um cobertor, um travesseiro e uma toalha. Vez ou outra também ganhava almoço. Em pouco tempo, começou a improvisar ‘bicos’ para ganhar o próprio dinheiro empurrando carrinhos dos passageiros.
Bagageiro no aeroporto JK (Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)Bagageiro no aeroporto JK, onde Ismael dormiu
(Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)
Durante o período em que viveu no aeroporto, ele chegou a ser levado duas vezes para um abrigo de menores, mas sempre fugia. Em todo esse tempo, ele nunca telefonou ou manteve contato com a família. Em várias ocasiões, a mãe saiu à procura do filho pelas ruas levando apenas uma foto 3x4.
"Sentia falta da família, mas não via ali os riscos que uma criança que vive na rodoviária veria", diz. "A condição de higiene era diferente que na rodoviária. Não tinha 'bicho' drogado. Era uma situação que imagino que seja muito melhor do que a gente vê as crianças moradores de rua passando hoje. Não me considerava nada, era apenas uma criança que estava ali. Hoje digo, fui morador de rua, fui menino de rua."
Adoção
Após alguns meses vivendo no aeroporto, Batista conheceu a jovem que se tornaria a "irmã adotiva" dele. À época, Andréa Carvalho tinha 19 anos e trabalhava em uma locadora de veículos. "A gente fez amizade. Às vezes eu chegava lá e comprava café da manhã para nós dois. Quando não tinha dinheiro, ela comprava café para mim, e almoço também."
Escondida da mãe, Andréa levava o menino de rua para tomar banho na casa em que viviam, na 406 Sul. Batista descreve a experiência como “aventura” e “sonho”.

“Era tudo bonito. A cama era muito cheirosa, tinha roupa de cama. Fui do lixo para o luxo”, diz. A mãe questionava a filha se alguém havia estado em casa, mas Andréa sempre negava.Tudo mudou após um assalto no aeroporto.

"Alguns marginais pegaram as chaves que ficavam dentro das gavetas dos estandes e levaram os carros do estacionamento. A polícia começou a fazer uma investigação e ficou meio perigoso", diz ele. "Foi então que minha irmã falou: 'Está meio perigoso. Você vai comigo para minha casa, vou apresentar você para minha mãe. Na segunda-feira, imagino que vá estar mais tranquilo, e você volta."
Prédio na Asa Sul onde ele passou a viver com família adotiva (Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)Prédio na Asa Sul onde ele passou a viver com família adotiva (Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)
Batista passou o fim de semana com a família. No domingo, foi à igreja. Na segunda, voltou para o aeroporto. “Minha irmã voltou a trabalhar na segunda e fui junto dela. Não me recordo quantos dias fiquei lá de novo, até a Andréa me procurar para dizer que a mãe dela queria conversar comigo.”
“Quando ela me viu, logo caiu uma lágrima do olho. Começou a chorar, me abraçou, e na sequência lembro que foi só ‘na orelha’. ‘Meu filho, você está vivo! Vem cá, cabra safado, o pau vai comer’. A pancadoria foi feia, o pau foi comendo até em casa.”
Ismael Batista
Foi então que surgiu a proposta de ele ir morar com as duas. “Ela [mãe adotiva] me disse: gostei muito de você. Conversei com a Andréa e queria que você viesse morar com a gente, ver se dá certo. Não é certeza ainda, a gente quer tentar. Mas para isso, tem uma condição. Você tem que voltar para a sua casa, conversar com sua mãe. Se ela concordar, a gente vai lá e conversa com ela para eu pegar a sua guarda.”
“Fiquei morrendo de medo porque sei como a ‘baixinha’ [mãe biológica] é”, diz. “Passei entre seis e oito meses fora de casa. Sabia que quando voltasse o bicho ia comer e não deu outra.”

Batista ri ao se lembrar do momento do reencontro. “Quando ela me viu, logo caiu uma lágrima do olho. Começou a chorar, me abraçou, e na sequência lembro que foi só ‘na orelha’. ‘Meu filho, você está vivo! Vem cá, cabra safado, o pau vai comer’. A pancadaria foi feia, o pau foi comendo até em casa.”
Depois, quando conseguiu conversar sobre a adoção, a mãe foi irredutível. “Ela disse que não. 'Filho meu tem que ficar comigo'”, diz. Foram vários dias até que ela mudasse de ideia. “Até que, mais uma vez, por razões que nem sei explicar, ela acordou um belo dia e falou, ‘cadê?’. Talvez pela oportunidade que ela viu que se abriu.”
Ismael Batista, ex-menino de rua que se tornou técnico no STF (Foto: Isabella Formiga/G1)Ismael Batista, ex-menino de rua que se tornou técnico no STF (Foto: Isabella Formiga/G1)
As duas “mães” se conheceram e conversaram sobre a adoção. “Até hoje elas têm uma boa relação. Minha mãe biológica respeita muito a adotiva e tem muita gratidão, mas elas não têm contato, uma não liga para a outra”, diz.
Novos desafios
Em pouco tempo, Batista estava integrado a uma nova rotina na Asa Sul e aos poucos foi conhecendo também uma parte negativa da mudança. “Querendo ou não, na Samambaia, ou no meio das pessoas que eram meus pares, que tinham uma história de vida parecida com a minha, eu não tinha o sentimento de preconceito”, diz.
Passei bastante por essa questão do preconceito. Tinham professores que tinham preconceito, amigos. Ele se revela de várias formas, no simples fato de uma criança não querer brincar com você por ser negro. Depois, entre um determinado grupinho, descobri que tinham me dado apelido de ‘piva’ [pivete], que é moleque de rua"
Ismael Batista
Ele conta que ouvia comentários maldosos de todos os lados – de professores, vigias, vizinhos e crianças. “Depois, fui estudar em uma escola em que eu era o único negro. Tinha perdido um ano e meio de aula e era o mais velho em uma turma de crianças.”
“Passei bastante por essa questão do preconceito. Tinham professores que tinham preconceito, amigos. Ele se revela de várias formas, no simples fato de uma criança não querer brincar com você por ser negro. Depois, entre um determinado grupinho, descobri que tinham me dado apelido de ‘piva’ [pivete], que é moleque de rua.”
O ex-menino de rua afirma que nunca se deixou abalar pelas agressões e que sabia que estava em uma posição privilegiada. Fez amigos e teve namoradas, mas conta que nunca gostou de estudar.

“Tirava a média nos primeiros três semestres para estudar apenas no último bimestre. Não me arrependo dos meus erros, eles me ajudaram na minha formação humana adulta, e é em razão disso tudo que passei. Mas mudaria esse aspecto, teria aproveitado melhor.”
Vida acadêmica
Batista diz que só começou a se dedicar aos estudos aos 19 anos, para passar no primeiro concurso público. “Estudava 12 horas por dia – de 8h até meio-dia, tirava duas horas para descansar. Voltava às 14h, via um pouco de televisão, jornal, jantava. E às 20h estudava até meia-noite. Eram três turnos.”
Ismael Batista em frente ao STF (Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)Ismael Batista em frente ao STF
(Foto: A Raça de Ismael/Reprodução)
Foi então que se apaixonou pela profissão que seguiria. “Comecei a estudar direito administrativo, constitucional. Não sabia nem o que era alínea, parágrafo. Estudei oito meses e passei em um primeiro concurso para bancário no BRB, aos 22 anos”, diz. “Seis meses depois, fui chamado para técnico no STF.”
Algum tempo depois, Batista foi aprovado para analista no Conselho Nacional do Ministério Público e para outros três concursos públicos. Atualmente, ele estuda para a segunda fase do concurso de delegado de Polícia Civil.

“Você começa a passar, vai passando, e vai adquirindo aquele acúmulo de conhecimento”, diz. “Não sou um cara muito inteligente, sou um cara esforçado. Se eu precisar ler dez vezes, eu vou aprender igual a um gênio.”
O advogado se define como um “aproveitador de oportunidades”. “A maior parte dos meus amigos de Samambaia já morreu. Sempre fui muito esperto e ia acabar usando essa esperteza para alguma coisa que talvez não fosse boa”, diz.

"É uma antítese entre o malex do aeroporto e uma mesa de servidor do Supremo, que já me fez chorar muito. É uma junção de bênção, que se chama de sorte, com também aproveitamento de oportunidades.”

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Congresso Médico - Vida Sem Cancêr

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Equipe Proex, dia 8 de Outubro tem UEPA nas Comunidades — com Mariane FrancoDjair Filho eAnderson Madson Oliveira Maia em Uepa Reitoria.

terça-feira, 8 de setembro de 2015


Existe um chamado! 
Uma voz que grita em silêncio, 
Não há como fugir, 
Não tem como negar.
Mais que uma escolha, um Chamado, um Sacerdócio:#médico


Vídeo Participação no Domingão do Faustão


Eu odeio Domingão do Faustão, mas acredito que essa história deva ser compartilhada. A história de superação e lição de vida de Jesse Soares egresso do curso de Medicina da Universidade do Estado do Pará.
Posted by Frederico Bicalho on Domingo, 6 de setembro de 2015

Medicina

Medicina

De catador de Lixo á Médico

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